16 de outubro de 2015

"Não desejo mal a ninguém. Não sei como isto se faz."

Uma ida ao Sebo do Messias, localizado na estação Sé, São Paulo, me trouxe um livro que eu não estava procurando. Procurava o autor a quem o livro apresenta, mas em outra obra, encontrada em outro sebo, do ladinho de casa, o Estação Coruja.

O autor, pedagogo, pediatra e grande homem: JANUSZ KORCZAK.
Minha descoberta desse ser humano incrível aconteceu por acaso, na biblioteca da universidade há alguns anos. Li "Quando eu voltar a ser criança", uma incursão pela mentalidade infantil a partir do ponto de vista de um adulto que volta a ser infante.

O livro que li em 3 dias foi este

O livro é uma homenagem ao trabalho incansável de Korczak junto a crianças da Polônia, órfãos da Primeira Guerra Mundial e uma apresentação de sua pedagogia do amor. 

Janusz construiu um orfanato que abrigava 200 crianças vitimizadas pela guerra: tiveram mutiladas suas famílias e, por consequência, seus corações e esperanças. Este homem adotou todas as crianças que encontrou, ensinou e inspirou diversos outros homens e mulheres de seu tempo a construir novos orfanatos e dar às crianças o amor e compreensão que as libertassem do que ele chama de "ditadura dos adultos". 

"A criança deve ter a liberdade de errar, e a vontade de melhorar, corrigir seus erros.
E esse modo de pensar exige do educador muita tolerância
[aproveitando o ensejo do Dia dos Professores que foi ontem]

Trabalhava dando amor, ensinando as crianças o valor do bem, de produzir, de ser cidadão, de defender seus diretos, de auto gerirem-se. Seus trabalhos e escritos foram, inclusive, material base para a escrita da Declaração dos Direitos da Criança, em 1959, pela Assembléia Geral das Nações Unidas.

"O sistema de educação de Korczak: procurar o apoio da criança e desta maneira conseguir transformá-la em seu ajudante, valorizando-a. A criança também tem o seu amor próprio e a sua personalidade, o que não se pode negar nem suprimir. Negar a personalidade da criança prejudica a formação do seu caráter, deprime e a magoa, porque ela é um ser muito sensível".

Descobri neste livro que há uma Associação Janusz Korczak do Brasil (e em vários outros países do mundo), que sua pedagogia é reproduzida em diversas escolas, tive contato com várias indicações de leitura e me emocionei com o fim deste grande ser humano. 

Indicações:

- Tese de Auto Gestão das Crianças
- Livro "O Direito da Criança ao Respeito"
- Visita ao museu Janusz Korczak, na rua Krochmalna, onde ficava o Orfanato, em Varsóvia.
- Theodor Adorno, "Educação após Auschwitz"

 "A criança pensa com os seus sentimentos, não com o intelecto"
"O educador não deve se abaixar até a criança, mas elevar-se a ela, e ao seu modo de ver e compreender as coisas."

Estas passagens do livro me remeteu a um outro livro maravilhoso
o qual acredito todas as pessoas deveriam ler pelo menos uma vez
na vida:



O fim
Aos 69 anos, Korczak acompanhou suas crianças até as câmaras de gás em Treblinka. Negou diversas oportunidades de salvar-se e deixá-las. Morreu tentando acalmar e proteger "seus" filhos. 



"Quanto mais amor se der a uma criança, quanto menos cousas lhe negarmos na infância, mais esperanças teremos de um mundo melhor"

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